quarta-feira, 16 de julho de 2014

#2 JASMIM NOIR


Extremamente sedutor e arrebatado o anúncio de JASMIN NOIR .

Em primeiro plano se identifica uma mulher que nos olha de forma profunda e nos convoca a participar desse universo dual. Entre seus braços, um frasco de perfume, mas não é qualquer perfume: acima de tudo é uma joia, e de todas as que estão em contato com o seu corpo, é a mais preciosa. Ela o segura com seu corpo nu entre seu colo, e parece estar sentindo prazer em fazer isso. Sua boca aberta de forma delirante parece anunciar que esta mulher goza, goza a cada instante em que seu corpo despido entra em contado com o objeto máximo do seu desejo. A sua mão sobre seu braço, quase que acariciando a si mesma, mostra seu espírito narcisista. 


O frasco desse imenso perfume logo surge como figura de pedra preciosa lapidada de forma artesanal, para remeter a perfeição completa. Além do olhar da linda modelo, ainda temos o seu colar que também toma a forma de olhos, reforçando assim o ciclo da sedução. Para reforçar mais ainda a ideia de sagrado que esse objeto toma nesse anúncio, vemos esta mulher perfeita debruçada em um leão. Mas qual seria o real motivo disso? Simples: nessa relação dual não há espaço para mais ninguém, apenas ela e o perfume em um mundo imaginário. Sendo assim, o rei da selva assumiu o papel de proteger esse delírio para que nada possa interferir nessa relação perfeita da plenitude do ser narcisista, onde o real não tem vez. Por outras palavras de González Requena e Ortis de Zárate:
Por isso a realidade se dilui: Não há realidade na relação dual, dado que sua economia é a do narcisismo primário. No espelho dual, na plenitude da identificação imaginária, não há lugar para o significante e por isso o objeto não pode ser simbolizado: não conhece, aí, outro especular, esse sobre o que o Eu, não origem, teve de modelar-se¹. (1997, p. 57)

Se repararmos bem, o perfume é formado de formas geométricas: um círculo que se liga a um quadrado, que por sua vez tem um semicírculo no seu formato invocando assim, a perfeição completa. Até mesmo o leão que é um ser totalmente agressivo e feroz no real, toma agora um caráter passivo e de lealdade diante da plenitude do objeto absoluto: O Perfume.



1. Texto retirado do livro “Além do Espelho”. (BRASIL, Vanessa, 2011, p. 109)

0 comentários:

Postar um comentário