Extremamente sedutor e arrebatado
o anúncio de JASMIN NOIR .
Em
primeiro plano se identifica uma mulher que nos olha de forma profunda e nos
convoca a participar desse universo dual. Entre seus braços, um frasco de
perfume, mas não é qualquer perfume: acima de tudo é uma joia, e de todas as
que estão em contato com o seu corpo, é a mais preciosa. Ela o segura com seu
corpo nu entre seu colo, e parece estar sentindo prazer em fazer isso. Sua boca
aberta de forma delirante parece anunciar que esta mulher goza, goza a cada instante em
que seu corpo despido entra em contado com o objeto máximo do seu desejo. A sua
mão sobre seu braço, quase que acariciando a si mesma, mostra seu espírito
narcisista.
O frasco desse imenso perfume logo surge como figura de pedra
preciosa lapidada de forma artesanal, para remeter a perfeição completa. Além
do olhar da linda modelo, ainda temos o seu colar que também toma a forma de olhos,
reforçando assim o ciclo da sedução. Para reforçar mais ainda a ideia de
sagrado que esse objeto toma nesse anúncio, vemos esta mulher perfeita
debruçada em um leão. Mas qual seria o real motivo disso? Simples: nessa
relação dual não há espaço para mais ninguém, apenas ela e o perfume em um
mundo imaginário. Sendo assim, o rei da selva assumiu o papel de proteger
esse delírio para que nada possa interferir nessa relação perfeita da plenitude
do ser narcisista, onde o real não tem vez. Por outras palavras de González Requena e Ortis de Zárate:
Por isso a realidade se dilui:
Não há realidade na relação dual, dado que sua economia é a do narcisismo
primário. No espelho dual, na plenitude da identificação imaginária, não há
lugar para o significante e por isso o objeto não pode ser simbolizado: não conhece,
aí, outro especular, esse sobre o que o Eu, não origem, teve de modelar-se¹.
(1997, p. 57)
Se repararmos bem, o perfume é
formado de formas geométricas: um círculo que se liga a um quadrado, que por
sua vez tem um semicírculo no seu formato invocando assim, a perfeição completa. Até mesmo
o leão que é um ser totalmente
agressivo e feroz no real, toma agora um caráter passivo e de lealdade diante da
plenitude do objeto absoluto: O Perfume.
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