segunda-feira, 28 de julho de 2014

#6 ILLAMASQUA


No anúncio da ILLAMASQUA vemos uma mulher em primeiro plano com um fundo totalmente preto. Logo que olhamos percebemos que essa não é uma mulher qualquer; o traço nos seus olhos, emoldurando-os, lembra-nos uma Deusa Egípcia. Traços perfeitos, linhas perfeitas para um olhar profundo, que inclusive direciona-se para o altíssimo, para o divino. Seu rosto redondo, seu cabelo com cortes geométricos, suas joias, pérolas e anéis preciosos reforçam mais ainda a perfeição dessa mulher. Suas unhas tocam a sua pele de forma a parecer que estão acariciando seu rosto perfeito, mostrando sua estima narcisista. O anel em um de seus dedos é como um olho, que nos olha e nos reconhece. Não podemos nos esquecer das suas unhas, que parecem criar olhos para nos seduzir. Sua boca é emoldurada para ressaltar o rosa, que não é qualquer rosa, mas sim um rosa delirante que, por sua vez, anuncia uma boca semiaberta, um gozo disfarçado, gozo totalmente fingido. Aqui o espectador se encontra em um universo totalmente imaginário, onde ele se reconhece e logo é seduzido. O real não pode entrar, pois a relação dual reina em caráter extremo.

Nesse mundo de joias, não podemos nos esquecer dos textos. ILLAMASQUA aparece do lado esquerdo do anúncio e logo acima tem uma figura, mas não qualquer figura: é uma cruz fechada por um círculo. Observa-se aqui, neste momento, dois elementos que reforçam ainda mais o poder e a perfeição dessa Cleópatra. É possível ver claramente que esse símbolo, que quase que se liga de forma perfeita ao colar de pérolas na mão dela, forma um terço, que a concede um poder de divina, reafirmando que ela é uma Deusa. Ainda há o texto: “Make-up for your alter ego”, ou seja, “Maquiagem para seu autoego”. Mas será maquiagem mesmo ou uma porção de delírio para seu ser narcisista? A oferta ao seduzido está concluída².

No anúncio acima, o efeito exagerado é evidente e necessário com cores sedutoras e que prendem nossa atenção e nosso olhar. No anúncio da ILLAMASQUA “o estranho é condição e limite do belo”².




1. Jesús Gonazález Requena diz no seu texto “Entre o signo e o espelho”: “É como uma invocação amorosa que, em muitas ocasiões, é reforçado por uma voz em off que viabiliza a oferta. E diz finalmente: É para você!”. No caso do texto acima a oferta foi viabilizada pelo slogan.
2. Segundo Trías (2006, p. 19), o sinistro é condição e limite do belo. É condição (sem sua referência o efeito estético não se produz, sem sua referência a obra carece de vitalidade), mas é também um limite: a exibição do sinistro (nua e crua, sem mediações simbólicas) destrói o efeito estético. (RODRÍGUEZ, Vanessa Brasil Campos. Além do Espelho: Análise de Imagens de Arte, Cinema e Publicidade. Anajé, Bahia, 2011, p. 103)

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