No anúncio da ILLAMASQUA vemos uma mulher em primeiro
plano com um fundo totalmente preto. Logo que olhamos percebemos que essa não é
uma mulher qualquer; o traço nos seus olhos, emoldurando-os, lembra-nos uma Deusa
Egípcia. Traços perfeitos, linhas perfeitas para um olhar profundo, que inclusive direciona-se para o altíssimo, para o divino. Seu rosto
redondo, seu cabelo com cortes geométricos, suas joias, pérolas e anéis
preciosos reforçam mais ainda a perfeição dessa mulher. Suas unhas tocam a sua pele
de forma a parecer que estão acariciando seu rosto perfeito, mostrando sua estima
narcisista. O anel em um de seus dedos é como um olho, que nos olha e nos
reconhece. Não podemos nos esquecer das suas unhas, que parecem criar olhos
para nos seduzir. Sua boca é emoldurada
para ressaltar o rosa, que não é qualquer rosa, mas sim um rosa delirante que, por sua vez, anuncia uma boca semiaberta, um gozo disfarçado, gozo totalmente
fingido. Aqui o espectador se encontra em um universo totalmente imaginário,
onde ele se reconhece e
logo é seduzido. O real não pode entrar, pois a relação dual reina em caráter extremo.
Nesse mundo de joias, não podemos
nos esquecer dos textos. ILLAMASQUA aparece
do lado esquerdo do anúncio e logo acima tem uma figura, mas não qualquer figura:
é uma cruz fechada por um círculo. Observa-se aqui, neste momento, dois
elementos que reforçam ainda mais o poder e a perfeição dessa Cleópatra. É
possível ver claramente que esse símbolo, que quase que se liga de forma
perfeita ao colar de pérolas na mão dela, forma um terço, que a concede um poder de
divina, reafirmando que ela é uma Deusa. Ainda há o texto: “Make-up for your alter ego”, ou seja, “Maquiagem para seu autoego”. Mas será
maquiagem mesmo ou uma porção de delírio para seu ser narcisista? A oferta ao
seduzido está concluída².
No anúncio acima, o efeito exagerado
é evidente e necessário com cores sedutoras e que prendem nossa atenção e nosso
olhar. No anúncio da ILLAMASQUA “o estranho é condição e limite do belo”².
2.
Segundo Trías (2006, p. 19), o sinistro é condição e limite do belo. É condição
(sem sua referência o efeito estético não se produz, sem sua referência a obra
carece de vitalidade), mas é também um limite: a exibição do sinistro (nua e
crua, sem mediações simbólicas) destrói o efeito estético. (RODRÍGUEZ, Vanessa Brasil Campos. Além do Espelho: Análise de Imagens de
Arte, Cinema e Publicidade. Anajé, Bahia, 2011, p. 103)
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